Estamos passando, como todos sabem, por um momento difícil da economia. Independentemente de quem é a culpa, se do governo, se internacional ou das corrupções, o fato é que, na prática, estamos vivendo uma grave recessão.
Esta recessão não está atingindo apenas o salário da população ou do trabalhador, está atingindo diretamente o caixa de muitas empresas. A diminuição do faturamento entre 20, 30 e até 40% é do que os empresários mais reclamam nas reuniões. O setor automotivo? Pode estar até em pior situação, segundo pesquisas. O Governo está claramente anunciando diminuição dos gastos, reflexo direto da recessão. Por não haver venda, diminuem-se as arrecadações de impostos na mesma proporção.
Nesta crise, estamos enfrentando um grande dilema. É sabido por todos que a inflação corroeu o poder de compra do trabalhador. Também é sabido que esta mesma inflação elevou os custos nas empresas. Com dólar mais alto, muitos insumos importados dobraram os custos e, consequentemente, elevaram os preços do produto. Energia elétrica, alguns impostos como ST entre outros, ajudaram a dificultar ainda mais o fluxo de caixa das empresas.
Pressionadas pelas baixas vendas, as empresas assistem perplexas à perda do faturamento. Os juros bancários neste momento também ajudam a acumular prejuízos para as empresas. Para tomar capital emprestado e manter o fluxo de caixa saudável, além de estar mais difícil aprovar o credito, os Bancos, atentos à situação, restringem o crédito, pois também não querem acumular prejuízos.
Imagine que você seja um banco e tenha dinheiro para emprestar a longo prazo, porém sabe que quando receber seu dinheiro de volta a inflação irá corroê-lo. A cada parcela que recebe, ele vale menos que os juros pagos no empréstimo ao longo do tempo. Quando receber, terá menos poder de compra do que quando emprestou. Desta forma, os bancos, neste momento, estão também preocupados e não afrouxam por medo de mais inflação.
Administrar uma empresa hoje, é muito mais que um desafio. Ter a missão de fabricar produtos ou fornecer serviços, vender, financiar a venda aos clientes, pagar fornecedores, separar a parte que cabe a cada importante parceiro do seu negócio não é uma tarefa fácil.
A empresa precisa pagar o fornecedor da matéria prima e serviços, pagar o pessoal da produção, pagar os vendedores, conceder prazo ao cliente, pagar o banco, pagar os impostos e ainda tem a missão de lutar contra a concorrência (outras empresas) que não para de atacar o tempo todo.
As empresas devem renovar-se ou reinventar-se a cada instante, desenvolvendo mercado, produtos ou serviços novos, a fim de permanecerem vivas e cumprindo seu papel na sociedade.
Infelizmente, segue nesta realidade também o funcionário, parte importantíssima neste negócio. Se for demitido neste momento crítico, ao procurar um outro um emprego provavelmente o encontrará, porém com salário menor que o emprego anterior.
Por outro lado, se uma empresa demitir o funcionário, além dos custos rescisórios, provavelmente terá custos no treinamento para capacitar o novo funcionário.
Então, por que demitir? A demissão infelizmente se torna uma realidade imprescindível quando a operação da empresa não tem mais lucros. Custos maiores que a receita da empresa é, de fato, uma questão de tempo para a falência.
O fato é que, na busca por equilíbrio orçamentário, a empresa tem que abrir mão e acaba demitindo, até mesmo funcionários que nem gostaria, para manter as contas equilibradas.
Lembre-se, o salário não é uma despesa mensal que acaba. Em uma empresa, o salário é uma despesa permanente e acumulativa, pois, quanto mais tempo o funcionário permanece na empresa, maior a multa para demiti-lo, maior os reflexos de férias e 13º na rescisão e a despesa segue continuadamente.
Temos exemplo de uma grande empresa em Joinville que administrou mal a decisão de demitir e prejudicou muitas outras empresas, além de deixar funcionários a ver navios, sem salário e rescisão.
Para manter viável uma empresa, é preciso olhar o fluxo de caixa a longo prazo, ver as perspectivas de negócios no futuro. Como não temos esta perspectiva no mercado nem no governo, então o que resta a fazer?
O negócio é, todos, empregados e empregadores, manterem a cautela e não onerar custos diretamente. Aumentar os custos de mão-de-obra neste momento seria um erro grave. A cautela se faz necessária com o intuito de manter empregos, manter a roda girando – ainda que devagar, porém positiva -, manter o equilíbrio na nossa região.
O Sindimec se posiciona a favor do equilíbrio das empresas e pede para que, se possível, mantenham os postos de trabalho, mas não operem no prejuízo acumulativo, para não sofrer consequências irreversíveis.
Com certeza se fizermos o dever de casa, reduzindo custos, em um futuro próximo poderemos recuperar e também repassar essa diferença aos nossos colaboradores, em momento oportuno.
Ivo Pruner Jr.
Diretor Intersindical